E como se alguém chacoalhasse a minha cama, acordei. Era um terremoto. Que saco. Quando pego no sono, às 0 horas em ponto desta madrugada, o mundo rebolou. Há uns três anos não sentia um. Saio rapidamente do quarto. Esperava que as crianças estivessem acordadas. Nada. Ouço a voz de quem sabe do assunto “vai dormir. Já passou”. Passou nada. Como ele ia em direção ao quarto ver se estava tudo bem, não sentiu que o chão não parava de tremer. A voz de quem manda disse “não parou não.” E a casa continuou rugindo. Agüentei mais um pouco, e desisti de esperar um desastre. Tentei dormir.
E assim foi. Mais um peteleco que lembra a nossa inutilidade, roubou meu sono. Espero que isso seja um sinal. Vejo mudanças acontecerem. Vejo que algo maior está por vir. Há um temblor nas ruas aqui. Espero que signifique algo esse chacoalhão. Assumiremos mais uma vez o papel de juízes e carrascos do nosso destino. Nunca estivemos com o poder em nossas mãos. Nunca.
Somos as placas tectônicas neste momento. Derrubamos o que quisermos. Inclusive o nosso futuro, se errarmos nas escolhas.
Mas digo, custe o que custar tem que haver mudanças. Ou o fazemos planejado, como é. Ou perderemos a chance histórica de agora.
E se errarmos, aí sim não terei mais chance de voltar a dormir e desistir do desastre. A destruição será tão forte, que não terei chance se quer de acordar.
segunda-feira, 21 de julho de 2008
terça-feira, 8 de julho de 2008
Ciudad Alfaro
Ciudad Alfaro, 8 de Julho de 2008
Aos olhos de um Alfaro dourado sinto uma enorme alegria. Neste momento de corpo presente vejo a nova redação da Carta Magna do Equador. Para os desinformados, é a nova constituição que neste momento é reescrita.
Um trabalho gigantesco de alterar as questões mais enraizadas que determinaram o antigo futuro de uma pequena nação de 12 milhões de pessoas, com vulcões, galapagos e amazônia. Aqui neste paizinho aconteceram grandes fatos da história que influenciaram o que hoje conhecemos como América Latina hispana. Que faz fronteira com o Brasil, mas é distante todo um oceano.
Esta constituição inclui uma redefinição da composição cultural do país. Quíchuas, Shuares, Negros, Montúbios, Brancos serão considerados nações, e como tal serão tratadas de maneiras especiais já que possuem idiomas, identidades e desempenham papéis únicos na economia do país. Esta nova constituição não discrimina o aborto, legaliza a relação estável entre pessoas do mesmo sexo. Existem particularidades do país que nem adiantaria querer explicar, mas que a sua discussão e forma processual de inserção já colocam uma pedra fundamental no caminho da América Latina rumo a algum lugar que ainda não sei qual é. Mas que com certeza será melhor do que ontem. Não é esquerda e direita. É a preservação de uma cultura e do meio ambiente que se discute.
Hoje pela manhã acordei com os telejornais informando o povo de que a segunda maior rede de televisão do país fora retirada das mãos dos seus donos, para ser vendida. Isso acontece pq os donos fugiram do país com mais de 661 milhões de dólares em 2000. Eles quebraram o maior banco do Equador, deixando milhares de pessoas sem o dinheiro depositado em suas contas. Num processo franco, direto e delicado, o governo retirou de todos os donos dos bancos os seus bens para serem leiloados. Os recursos adquiridos nesses leilões serão devolvidos aos cofres públicos. Assim, diminuindo um pouco o prejuízo que o Estado teve ao assumir a dívida dessas famílias de ladrões.
Provavelmente as notícias ao redor do mundo, dizem que essa atitude represente a falta de liberdade de imprensa aqui no Equador. Mentira. Não se deixem enganar. Não é o fechamento de um canal de televisão por decisão do Presidente. É a destituição dos donos por terem roubado milhões de dólares do povo equatoriano.
Devo admitir que o Presidente Rafael Correa encarou com de peito aberto e sem rabo preso, o grande desafio incumbido pelo povo do seu país. Ele realmente retirou o poder econômico e político das elites. Simples assim. Sem tiros, golpes, e com uma incrível capacidade de fazer o povo voltar a querer participar da política do país.
A simbologia e denominação populista que o acompanha é uma vesga, vaga e preguiçosa análise de que ele é um Hugo Chaves. Com a comum falta de capacidade e a tendenciosa visão dos jornalistas brasileiros, avalizada pelos estudiosos das ciências humanas, a população do Brasil coitada acredita.
Rafael Correa cometeu sim atropelos durante a Assembléia ao ponto de conseguir a entrega da presidência por parte do ambientalista e esquerdista Alberto Acosta. Muito parecido com o que aconteceu a Marina Silva. Claro, Correa não pode mais esperar a finalização da Constituição. As forças de oposição conseguem aprender com o tempo a forma de minar o poder conquistado pelo Presidente. Que se candidatou sozinho, sem deputados, sem dinheiro, sem apoio de ninguém, sem partido.
É o renascimento de uma nação. Na verdade, não é um renascimento. É o nascimento. Sonhado por Eloy Alfaro. Líder, pensador, militar, e principalmente um homem simples do povo. Esquartejado vivo, teve seus restos queimados pelos traidores numa praça em Quito em 1918. Esse herói que tem seu nome escrito em ruas de cidades de todo o mundo, inclusive no bairro da Saúde em São Paulo, dá também o seu nome à cidade montada para reconstrução de uma identidade. De um povo. Ciudad Alfaro, onde está localizada a Assembléia Constituinte do Ecuador.
Aos olhos de um Alfaro dourado sinto uma enorme alegria. Neste momento de corpo presente vejo a nova redação da Carta Magna do Equador. Para os desinformados, é a nova constituição que neste momento é reescrita.
Um trabalho gigantesco de alterar as questões mais enraizadas que determinaram o antigo futuro de uma pequena nação de 12 milhões de pessoas, com vulcões, galapagos e amazônia. Aqui neste paizinho aconteceram grandes fatos da história que influenciaram o que hoje conhecemos como América Latina hispana. Que faz fronteira com o Brasil, mas é distante todo um oceano.
Esta constituição inclui uma redefinição da composição cultural do país. Quíchuas, Shuares, Negros, Montúbios, Brancos serão considerados nações, e como tal serão tratadas de maneiras especiais já que possuem idiomas, identidades e desempenham papéis únicos na economia do país. Esta nova constituição não discrimina o aborto, legaliza a relação estável entre pessoas do mesmo sexo. Existem particularidades do país que nem adiantaria querer explicar, mas que a sua discussão e forma processual de inserção já colocam uma pedra fundamental no caminho da América Latina rumo a algum lugar que ainda não sei qual é. Mas que com certeza será melhor do que ontem. Não é esquerda e direita. É a preservação de uma cultura e do meio ambiente que se discute.
Hoje pela manhã acordei com os telejornais informando o povo de que a segunda maior rede de televisão do país fora retirada das mãos dos seus donos, para ser vendida. Isso acontece pq os donos fugiram do país com mais de 661 milhões de dólares em 2000. Eles quebraram o maior banco do Equador, deixando milhares de pessoas sem o dinheiro depositado em suas contas. Num processo franco, direto e delicado, o governo retirou de todos os donos dos bancos os seus bens para serem leiloados. Os recursos adquiridos nesses leilões serão devolvidos aos cofres públicos. Assim, diminuindo um pouco o prejuízo que o Estado teve ao assumir a dívida dessas famílias de ladrões.
Provavelmente as notícias ao redor do mundo, dizem que essa atitude represente a falta de liberdade de imprensa aqui no Equador. Mentira. Não se deixem enganar. Não é o fechamento de um canal de televisão por decisão do Presidente. É a destituição dos donos por terem roubado milhões de dólares do povo equatoriano.
Devo admitir que o Presidente Rafael Correa encarou com de peito aberto e sem rabo preso, o grande desafio incumbido pelo povo do seu país. Ele realmente retirou o poder econômico e político das elites. Simples assim. Sem tiros, golpes, e com uma incrível capacidade de fazer o povo voltar a querer participar da política do país.
A simbologia e denominação populista que o acompanha é uma vesga, vaga e preguiçosa análise de que ele é um Hugo Chaves. Com a comum falta de capacidade e a tendenciosa visão dos jornalistas brasileiros, avalizada pelos estudiosos das ciências humanas, a população do Brasil coitada acredita.
Rafael Correa cometeu sim atropelos durante a Assembléia ao ponto de conseguir a entrega da presidência por parte do ambientalista e esquerdista Alberto Acosta. Muito parecido com o que aconteceu a Marina Silva. Claro, Correa não pode mais esperar a finalização da Constituição. As forças de oposição conseguem aprender com o tempo a forma de minar o poder conquistado pelo Presidente. Que se candidatou sozinho, sem deputados, sem dinheiro, sem apoio de ninguém, sem partido.
É o renascimento de uma nação. Na verdade, não é um renascimento. É o nascimento. Sonhado por Eloy Alfaro. Líder, pensador, militar, e principalmente um homem simples do povo. Esquartejado vivo, teve seus restos queimados pelos traidores numa praça em Quito em 1918. Esse herói que tem seu nome escrito em ruas de cidades de todo o mundo, inclusive no bairro da Saúde em São Paulo, dá também o seu nome à cidade montada para reconstrução de uma identidade. De um povo. Ciudad Alfaro, onde está localizada a Assembléia Constituinte do Ecuador.
quarta-feira, 2 de julho de 2008
Incompleto
Ainda bem que existem os quartos. Assim temos onde nos esconder das frustrações sem ter que encarar as pessoas. Não tenho mais expectativas. Trabalho com ferramentas tangíveis, como a coragem e a idiotice. Não deposito mais futuro naquilo que não depende mais de mim. Como escrever por exemplo.
É interessante. As coisas grandes dentro de nós são sempre bem menores quando colocadas para fora. Essa distorção é simples, pequena e destruidora como a ponta da bala de um fuzil. Há de que se precaver. Sempre. Mas não há colete que segure um tiro desse calibre. O coração estará sempre em perigo.
Mas assim aprendemos a atuar. Isso nos defende. Nossas pequineses são cobertas com essa linguagem do auto-reflexo. Sei da sensível espessura da minha alma, por isso a textura prática do meu sorriso. Me protege, e da a possibilidade dos outros a utilizarem como bem entenderem.
Ainda bem que temos alguns que salvam os outros. Por fora somos nuvens. Imensas apenas para quem nos vê. Mas vazias por dentro.
É interessante. As coisas grandes dentro de nós são sempre bem menores quando colocadas para fora. Essa distorção é simples, pequena e destruidora como a ponta da bala de um fuzil. Há de que se precaver. Sempre. Mas não há colete que segure um tiro desse calibre. O coração estará sempre em perigo.
Mas assim aprendemos a atuar. Isso nos defende. Nossas pequineses são cobertas com essa linguagem do auto-reflexo. Sei da sensível espessura da minha alma, por isso a textura prática do meu sorriso. Me protege, e da a possibilidade dos outros a utilizarem como bem entenderem.
Ainda bem que temos alguns que salvam os outros. Por fora somos nuvens. Imensas apenas para quem nos vê. Mas vazias por dentro.
quarta-feira, 25 de junho de 2008
Camino a casa
Por ser canal, mensagem e codificador, me dou o direito de escrever sobre o que acontecerá. Sexta. Rumo ao meu canto no mundo. Tenho deveres ambiciosos de descansar o corpo, e botar a cabeça pra funcionar.
Tenho que encontrar sentido aos verbos todos para os textos da minha alma. Além do mais, preciso preparar aulas.
Quero fazer do meu particular espaço público o local de encontro daquelas 3 ou 4 pessoas que lêem o que escrevo. Publicarei as letras durante o processo de criação. Veremos o que acontecerá. Não peço interatividade. Mas espero comentários.
Descobri que não adianta depender do tempo que demora, ou dos fatos que acontecem. Não há maneira de dedicar uma vida inteira ao que queremos. Se queremos pode acontecer. Não perco mais tempo em determinar o impossível. Apenas me dedico na criação de ações. Elas que aconteçam quando decidirem. Mas precisa ser em apenas um mês.
Tenho que encontrar sentido aos verbos todos para os textos da minha alma. Além do mais, preciso preparar aulas.
Quero fazer do meu particular espaço público o local de encontro daquelas 3 ou 4 pessoas que lêem o que escrevo. Publicarei as letras durante o processo de criação. Veremos o que acontecerá. Não peço interatividade. Mas espero comentários.
Descobri que não adianta depender do tempo que demora, ou dos fatos que acontecem. Não há maneira de dedicar uma vida inteira ao que queremos. Se queremos pode acontecer. Não perco mais tempo em determinar o impossível. Apenas me dedico na criação de ações. Elas que aconteçam quando decidirem. Mas precisa ser em apenas um mês.
quinta-feira, 19 de junho de 2008
Mensageiro da Verdade. Obrigado.
Existem alguns seres que a sua grandeza é tão maior do que o seu desconhecimento. Impressiona ver aqueles que nunca tiveram a oportunidade de se servir de algum tipo de fortuna, se doarem pelos outros.
Isso faz meu ódio só aumentar. Contra mim e meus pares. Cada letra digitada aqui é um pouco de ausência do fazer. Um ser inerte e digitador. O rigor deste destino é denso.
Não consigo letrar. Não consigo registrar minhas idéias aqui. O tema é tão complexo, e sou tão incapaz perante o assunto, que escrevo e reescrevo mil vezes cada sílaba. Mas isso é normal. É uma espécie de autoflagelo, ou algum tipo de boicote natural. Sou um dos que está sentado num barril de pólvora, e ao invés de apagar o fogo, aplaudo os bombeiros evitando que voemos pelos ares.
Alguém um dia ser dará conta de que o fim já terminou. Não haverá Renascimento.
Dentro dos apartamentos, detrás das telas, ao pé dos computadores informalizamos a linguagem da falência. Cada signo dela já nos é comum. Alguns a freqüentam por pena, por medo ou para arrasá-la. Já fiz minha escolha.
Deveríamos realizar intercâmbios culturais verdadeiros. Se queremos alterar o destino das coisas óbvias, nossas crianças alimentadas deveriam passar as férias de julho ao sol. Brincando com brinquedos imaginários. Comendo comida de mentirinha. Tomando banho só quando puderem. Ou só quando chovesse no Lixão. A dureza comercializada nessas pequenas almas só será amolecida por barrigudinhos cheios de vermes da mesma idade lhes oferecendo um copo d´água. Sentir na pele. Esse é o segredo.
Os que escapam de lá, do cárcere, do destino e da fé realizam verdadeiras Cruzadas. Mas sem absolvição no final. Apenas por instinto animal mesmo. Surge ai a arte da sobrevivência, o benefício da solidariedade, e insensatez do conteúdo da sua poesia.
Isso faz meu ódio só aumentar. Contra mim e meus pares. Cada letra digitada aqui é um pouco de ausência do fazer. Um ser inerte e digitador. O rigor deste destino é denso.
Não consigo letrar. Não consigo registrar minhas idéias aqui. O tema é tão complexo, e sou tão incapaz perante o assunto, que escrevo e reescrevo mil vezes cada sílaba. Mas isso é normal. É uma espécie de autoflagelo, ou algum tipo de boicote natural. Sou um dos que está sentado num barril de pólvora, e ao invés de apagar o fogo, aplaudo os bombeiros evitando que voemos pelos ares.
Alguém um dia ser dará conta de que o fim já terminou. Não haverá Renascimento.
Dentro dos apartamentos, detrás das telas, ao pé dos computadores informalizamos a linguagem da falência. Cada signo dela já nos é comum. Alguns a freqüentam por pena, por medo ou para arrasá-la. Já fiz minha escolha.
Deveríamos realizar intercâmbios culturais verdadeiros. Se queremos alterar o destino das coisas óbvias, nossas crianças alimentadas deveriam passar as férias de julho ao sol. Brincando com brinquedos imaginários. Comendo comida de mentirinha. Tomando banho só quando puderem. Ou só quando chovesse no Lixão. A dureza comercializada nessas pequenas almas só será amolecida por barrigudinhos cheios de vermes da mesma idade lhes oferecendo um copo d´água. Sentir na pele. Esse é o segredo.
Os que escapam de lá, do cárcere, do destino e da fé realizam verdadeiras Cruzadas. Mas sem absolvição no final. Apenas por instinto animal mesmo. Surge ai a arte da sobrevivência, o benefício da solidariedade, e insensatez do conteúdo da sua poesia.
terça-feira, 17 de junho de 2008
No fim do corredor.
Quando a vida se transforma numa tempestade em alto mar, os predestinados não sabem a que vieram, mas encontram a bóia de quem não sobreviveu. Os sem sorte não encontram o motivo de estarem lá. E os que se viram, não têm a mínima idéia do momento em que o destino lhes retirará as habilidades de enganar a onda predicada.
Os tolos aguardam a calmaria, e eu simplesmente tenho a certeza de que deveria estar na roça.
Mas desde cedo aprendi que algumas instituições estenderiam a mão. A universidade, a igreja, o departamento comercial, a poupança, o marketing pessoal, ou Paulo Coelho.
Nada disso me serviu.
Sigo meu rumo observando a capacidade dos simples em absorver no peito a colisão do presente imparável. A seriedade de um sorriso desdentado, a fúria que acompanha a solidão mundana do ônibus lotado e a tristeza do fim de mês.
Claro que digo tudo isso, aqui, intocável bebendo minhas cervejas importadas para ajudar no discurso. E só. Continuo na tormenta. Continuo a acreditar.
Nem sempre a saída é sobreviver. De ilusões, ou com a vida mesmo.
Só quem não sabe do desamparo é quem acredita no discurso. Discurso é discurso. E só.
Podemos agradecer também. Essa é outra ferramenta. Ela amortiza, diminui e lubrifica. Agradecer o respiro, a água, o lugar comum. Agradecer é o iludir concretizado. Por isso os mal aventurados são os mais agradecidos. Deveriam aprender a roubar sem deixar rastros. Deveriam pilotar mais aviões. Deveriam gerenciar uma guerra. Deveriam ser sádicos com os reféns. Depois, era só agradecer mesmo.
Mas por favor, não se sintam culpados pelas coisas fora do nosso alcance. Eu não me sinto mais. Assim como não peço mais desculpas.
Os tolos aguardam a calmaria, e eu simplesmente tenho a certeza de que deveria estar na roça.
Mas desde cedo aprendi que algumas instituições estenderiam a mão. A universidade, a igreja, o departamento comercial, a poupança, o marketing pessoal, ou Paulo Coelho.
Nada disso me serviu.
Sigo meu rumo observando a capacidade dos simples em absorver no peito a colisão do presente imparável. A seriedade de um sorriso desdentado, a fúria que acompanha a solidão mundana do ônibus lotado e a tristeza do fim de mês.
Claro que digo tudo isso, aqui, intocável bebendo minhas cervejas importadas para ajudar no discurso. E só. Continuo na tormenta. Continuo a acreditar.
Nem sempre a saída é sobreviver. De ilusões, ou com a vida mesmo.
Só quem não sabe do desamparo é quem acredita no discurso. Discurso é discurso. E só.
Podemos agradecer também. Essa é outra ferramenta. Ela amortiza, diminui e lubrifica. Agradecer o respiro, a água, o lugar comum. Agradecer é o iludir concretizado. Por isso os mal aventurados são os mais agradecidos. Deveriam aprender a roubar sem deixar rastros. Deveriam pilotar mais aviões. Deveriam gerenciar uma guerra. Deveriam ser sádicos com os reféns. Depois, era só agradecer mesmo.
Mas por favor, não se sintam culpados pelas coisas fora do nosso alcance. Eu não me sinto mais. Assim como não peço mais desculpas.
Assim que é.
Não queremos mudar o mundo. Muito menos defender uma idéia. Não somos salvadores de almas, nem levantadores de bandeiras. Por tanto crer em poder, e no poder de fazer, é que decidimos apenas em dizer.
A mídia nos suporta. A recíproca não é verdadeira. Por isso a utilizamos aqui, com o objeto máximo da sua função. Não teremos discussões de certo ou errado. Em todo ponto de vista, há um objeto sendo visto, e um lugar de onde o avistamos. Nem sempre a luz de onde enxergo, ilumina o foco alheio. Por isso não defendemos nada. Por isso não queremos convencer.
A retórica defenditiva das coisas não me dá argumentos suficientes para me localizar e realizar o tiro. Espero seguir em frente.
Somos o que podemos ser. O que queremos, é sugerido. A nossa fé, amostrada, quantizada, codificada, alivia a raiva de não conseguir chegar lá. Podemos alterar o brilho, posso recortar, posso deletar. Assim concluirei o que iniciarei.
Neste palco, uma trajetória particular. A plasticidade textual será eterna, se os servidores assim o permitirem. A linguagem será crítica se o espectador for útil.
Sinto a possibilidade do todo. Para todos os lados, com todas as formas, com todos os focos. Não temos um começo certo. Não temos um fim ajustável. Seremos sinceros até onde a nossa moral aporte.
Bem vindos.
A mídia nos suporta. A recíproca não é verdadeira. Por isso a utilizamos aqui, com o objeto máximo da sua função. Não teremos discussões de certo ou errado. Em todo ponto de vista, há um objeto sendo visto, e um lugar de onde o avistamos. Nem sempre a luz de onde enxergo, ilumina o foco alheio. Por isso não defendemos nada. Por isso não queremos convencer.
A retórica defenditiva das coisas não me dá argumentos suficientes para me localizar e realizar o tiro. Espero seguir em frente.
Somos o que podemos ser. O que queremos, é sugerido. A nossa fé, amostrada, quantizada, codificada, alivia a raiva de não conseguir chegar lá. Podemos alterar o brilho, posso recortar, posso deletar. Assim concluirei o que iniciarei.
Neste palco, uma trajetória particular. A plasticidade textual será eterna, se os servidores assim o permitirem. A linguagem será crítica se o espectador for útil.
Sinto a possibilidade do todo. Para todos os lados, com todas as formas, com todos os focos. Não temos um começo certo. Não temos um fim ajustável. Seremos sinceros até onde a nossa moral aporte.
Bem vindos.
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