quinta-feira, 24 de julho de 2008

Como Explicar o Rock...

Vamos criar uma fábula que possa explciar as vertentes do Rock...

"No alto do castelo, há uma linda princesa - muito carente - que foi ali trancada, e é guardada por um grande e terrível dragão"...

HEAVY METAL:
O protagonista chega no castelo numa Harley Davidson, mata o dragão, enche a cara de cerveja com a princesa e depois transa com ela. Posteriormente se separam quando ela descobre que ele transou com uma groupie.

METAL MELÓDICO:
O protagonista chega no castelo num cavalo alado branco, escapa do dragão, salva a princesa, fogem para longe e fazem amor.

THRASH METAL:
O protagonista chega no castelo, duela com o dragão, salva a princesa e transa com ela.

POWER METAL:
O protagonista chega brandindo sua espada e trava uma batalha gloriosa contra o dragão. O dragão sucumbe enquanto ele permanece em pé, banhado pelo sangue de seu inimigo, sinal de seu triunfo. Resgata a princesa. Esgota a paciência dela com auto-elogios e transa com ela.

FOLK METAL:
O protagonista chega acompanhado de vários amigos e duendes tocando acordeon, alaúde, viola e outros instrumentos estranhos. Fazem o dragão dormir depois de tanto dançar, e vão embora, sem a princesa, pois a floresta está cheia de ninfas, elfas e fadas.

VIKING METAL:
O protagonista chega em um navio, mata o dragão com um machado, assa e come. Estupra a princesa, pilha o castelo e toca fogo em tudo antes de ir embora.

DEATH METAL:
O protagonista chega, mata o dragão, transa com a princesa, mata a princesa e vai embora.

BLACK METAL:
Chega de madrugada, dentro da neblina. Mata o dragão e empala em frente ao castelo. Sodomiza a princesa, a corta com uma faca e bebe o seu sangue em um ritual até matá-la. Depois descobre que ela não era mais virgem e a empala junto com o dragão.

GORE:
Chega, mata o dragão. Sobe no castelo, transa com a princesa e a mata. Depois transa com ela de novo. Queima o corpo da princesa e transa com ele de novo.

SPLATTER:
Chega, mata o dragão, abre-o com um bisturi. Sodomiza a princesa com as tripas do dragão. Abre buracos nela com o bisturi e estupra cada um dos buracos. Tira os globos oculares da princesa e estupra as órbitas. Depois mata a princesa, faz uma autópsia, tira fotos, e lança um album cuja capa é uma das fotos.

DOOM METAL:
Chega no castelo, olha o tamanho do dragão, fica deprimido e se mata. O dragão come o cadáver do protagonista e depois come a princesa.

WHITE METAL:
Chega no castelo, exorciza o dragão, converte a princesa e usa o castelo para sediar mais uma "Igreja Universal do Reino de Deus".

NEW METAL:
Chega no castelo se achando o bonzão e dizendo o quanto é bom de briga. Quer provar para todos que também é foda e é capaz de salvar a princesa. Acha que é capaz de vencer o dragão; perde feio e leva o maior cacete. O protagonista New Metal toma um prozak e vai gravar um disco "The Best Of".

GRUNGE:
Chega drogado, escapa do dragão e encontra a princesa. Conta para ela sobre a sua infância triste. A princesa dá um soco na cara dele e vai procurar o protagonista Heavy Metal. O protagonista grunge sofre uma overdose de heroína.

ROCK N'ROLL CLÁSSICO:
Chega de moto fumando um baseado e oferece para o dragão, que logo fica seu amigo. Depois acampa com a princesa numa parte mais afastada do jardim e depois de muito sexo, drogas e rock n roll, tem uma overdose de LSD e morre sufocado no próprio vômito.

PUNK ROCK:
Cospe no dragão, joga uma pedra nele e depois foge. Pixa o muro do castelo com um "A" de anarquia. Faz um moicano na princesa e depois abre uma barraquinha de fanzines no saguão do castelo.

EMOCORE:
Chega ao castelo e conta ao dragão o quanto gosta da princesa. O dragão fica com pena e o deixa passar. Após entrar no castelo ele descobre que a princesa fugiu com o protagonista Heavy Metal. Escreve uma música de letra emotiva contando como foi abandonado pela sua amada e como o mundo é injusto.

PROGRESSIVO:
Chega, toca um solo virtuoso de guitarra de 26 minutos. O dragão se mata de tanto tédio. Chega até a princesa e toca outro solo que explora todas as técnicas de atonalismo em compassos ternários compostos aprendidas no último ano de conservatório. A princesa foge e vai procurar o protagonista Heavy Metal.

HARD ROCK:
Chega em um conversível vermelho, com duas loiras peitudas e tomando Jack Daniel's. Mata o dragão jogando uma TV pela janela do castelo e faz uma orgia com a princesa e as loiras.

HARDCORE
Chega de skate, organiza um protesto em frente ao castelo contra a ditadura dos dragões. Sobe na torre, transa com a princesa e grava um álbum com 25 faixas de 2 minutos cada descendo o pau no governo.

GLAM ROCK:
Chega no castelo. O dragão rí tanto quando o vê que o deixa passar. Ele entra no castelo, rouba o hair dresser e o batom da princesa. Depois a convence a pintar o castelo de rosa e a fazer luzes nos cabelos.

GOTHIC METAL
Chega no castelo e monta uma banda com a princesa e o dragão fazendo vocais líricos e guturais respectivamente.

INDIE ROCK:
Entra pelos fundos do castelo. O dragão fica com pena de bater em um nerd franzino de óculos e deixa ele passar. A princesa não aguenta ouvir ele falando de moda e cinema, e foge com o protagonista Heavy Metal.

NEW WAVE
Ao chegar no castelo mata o dragão e doa toda a sua carne às familias pobres da África.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

E como se alguém chacoalhasse a minha cama, acordei. Era um terremoto. Que saco. Quando pego no sono, às 0 horas em ponto desta madrugada, o mundo rebolou. Há uns três anos não sentia um. Saio rapidamente do quarto. Esperava que as crianças estivessem acordadas. Nada. Ouço a voz de quem sabe do assunto “vai dormir. Já passou”. Passou nada. Como ele ia em direção ao quarto ver se estava tudo bem, não sentiu que o chão não parava de tremer. A voz de quem manda disse “não parou não.” E a casa continuou rugindo. Agüentei mais um pouco, e desisti de esperar um desastre. Tentei dormir.

E assim foi. Mais um peteleco que lembra a nossa inutilidade, roubou meu sono. Espero que isso seja um sinal. Vejo mudanças acontecerem. Vejo que algo maior está por vir. Há um temblor nas ruas aqui. Espero que signifique algo esse chacoalhão. Assumiremos mais uma vez o papel de juízes e carrascos do nosso destino. Nunca estivemos com o poder em nossas mãos. Nunca.

Somos as placas tectônicas neste momento. Derrubamos o que quisermos. Inclusive o nosso futuro, se errarmos nas escolhas.

Mas digo, custe o que custar tem que haver mudanças. Ou o fazemos planejado, como é. Ou perderemos a chance histórica de agora.

E se errarmos, aí sim não terei mais chance de voltar a dormir e desistir do desastre. A destruição será tão forte, que não terei chance se quer de acordar.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Ciudad Alfaro

Ciudad Alfaro, 8 de Julho de 2008

Aos olhos de um Alfaro dourado sinto uma enorme alegria. Neste momento de corpo presente vejo a nova redação da Carta Magna do Equador. Para os desinformados, é a nova constituição que neste momento é reescrita.

Um trabalho gigantesco de alterar as questões mais enraizadas que determinaram o antigo futuro de uma pequena nação de 12 milhões de pessoas, com vulcões, galapagos e amazônia. Aqui neste paizinho aconteceram grandes fatos da história que influenciaram o que hoje conhecemos como América Latina hispana. Que faz fronteira com o Brasil, mas é distante todo um oceano.

Esta constituição inclui uma redefinição da composição cultural do país. Quíchuas, Shuares, Negros, Montúbios, Brancos serão considerados nações, e como tal serão tratadas de maneiras especiais já que possuem idiomas, identidades e desempenham papéis únicos na economia do país. Esta nova constituição não discrimina o aborto, legaliza a relação estável entre pessoas do mesmo sexo. Existem particularidades do país que nem adiantaria querer explicar, mas que a sua discussão e forma processual de inserção já colocam uma pedra fundamental no caminho da América Latina rumo a algum lugar que ainda não sei qual é. Mas que com certeza será melhor do que ontem. Não é esquerda e direita. É a preservação de uma cultura e do meio ambiente que se discute.

Hoje pela manhã acordei com os telejornais informando o povo de que a segunda maior rede de televisão do país fora retirada das mãos dos seus donos, para ser vendida. Isso acontece pq os donos fugiram do país com mais de 661 milhões de dólares em 2000. Eles quebraram o maior banco do Equador, deixando milhares de pessoas sem o dinheiro depositado em suas contas. Num processo franco, direto e delicado, o governo retirou de todos os donos dos bancos os seus bens para serem leiloados. Os recursos adquiridos nesses leilões serão devolvidos aos cofres públicos. Assim, diminuindo um pouco o prejuízo que o Estado teve ao assumir a dívida dessas famílias de ladrões.

Provavelmente as notícias ao redor do mundo, dizem que essa atitude represente a falta de liberdade de imprensa aqui no Equador. Mentira. Não se deixem enganar. Não é o fechamento de um canal de televisão por decisão do Presidente. É a destituição dos donos por terem roubado milhões de dólares do povo equatoriano.

Devo admitir que o Presidente Rafael Correa encarou com de peito aberto e sem rabo preso, o grande desafio incumbido pelo povo do seu país. Ele realmente retirou o poder econômico e político das elites. Simples assim. Sem tiros, golpes, e com uma incrível capacidade de fazer o povo voltar a querer participar da política do país.

A simbologia e denominação populista que o acompanha é uma vesga, vaga e preguiçosa análise de que ele é um Hugo Chaves. Com a comum falta de capacidade e a tendenciosa visão dos jornalistas brasileiros, avalizada pelos estudiosos das ciências humanas, a população do Brasil coitada acredita.

Rafael Correa cometeu sim atropelos durante a Assembléia ao ponto de conseguir a entrega da presidência por parte do ambientalista e esquerdista Alberto Acosta. Muito parecido com o que aconteceu a Marina Silva. Claro, Correa não pode mais esperar a finalização da Constituição. As forças de oposição conseguem aprender com o tempo a forma de minar o poder conquistado pelo Presidente. Que se candidatou sozinho, sem deputados, sem dinheiro, sem apoio de ninguém, sem partido.

É o renascimento de uma nação. Na verdade, não é um renascimento. É o nascimento. Sonhado por Eloy Alfaro. Líder, pensador, militar, e principalmente um homem simples do povo. Esquartejado vivo, teve seus restos queimados pelos traidores numa praça em Quito em 1918. Esse herói que tem seu nome escrito em ruas de cidades de todo o mundo, inclusive no bairro da Saúde em São Paulo, dá também o seu nome à cidade montada para reconstrução de uma identidade. De um povo. Ciudad Alfaro, onde está localizada a Assembléia Constituinte do Ecuador.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Incompleto

Ainda bem que existem os quartos. Assim temos onde nos esconder das frustrações sem ter que encarar as pessoas. Não tenho mais expectativas. Trabalho com ferramentas tangíveis, como a coragem e a idiotice. Não deposito mais futuro naquilo que não depende mais de mim. Como escrever por exemplo.

É interessante. As coisas grandes dentro de nós são sempre bem menores quando colocadas para fora. Essa distorção é simples, pequena e destruidora como a ponta da bala de um fuzil. Há de que se precaver. Sempre. Mas não há colete que segure um tiro desse calibre. O coração estará sempre em perigo.

Mas assim aprendemos a atuar. Isso nos defende. Nossas pequineses são cobertas com essa linguagem do auto-reflexo. Sei da sensível espessura da minha alma, por isso a textura prática do meu sorriso. Me protege, e da a possibilidade dos outros a utilizarem como bem entenderem.

Ainda bem que temos alguns que salvam os outros. Por fora somos nuvens. Imensas apenas para quem nos vê. Mas vazias por dentro.