terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Requiem. Do Ano Novo.

Um ano mais. Um ano menos. Tudo pode acontecer daqui pra frente.

O destino é algo creditado por todos. Assim é mais simples aceitar os desabores do futuro. Mas eu desejo algo simples pra todos nós. Aprendi, como sempre, de que tudo é pouco. Alguns preceitos dos antigos são validos. Ainda mais quando o tempo nos acerca deles. Envelhecer é sinônimo de experiência, e de menos energia pro alcanço. Envelher é sinônimo do certo.

Me sinto frustrado pelas metas redefinidas. Mas me sinto algós do que atingi. Isso me dá tesão.

Espero que a meia dúzia de pessoas que acompanharam este texto, realizem o que de fato é de pretexto. Câmbio. Receio. Não idiotice. Ou seja, sejamos menos tolos. Sejamos mais capazes.

Um futuro pré-definido, uma aliança facilitada é o que todos queremos. Mas não será assim. Alguém pode mastigar o futuro pra todos nós. Alguém poderá te facilitar a vida. Mas ninguém poderá conquistar as coisas por você. Essas pequenas vitórias da sobrevivência individual valem muito. Só pra você, mas valem. Te alimentam. Te sobrevivem. Aprenda.

Aprenda a se doar. Aprenda a entender que o pouco que você conquistou não é nada. O que precisamos fazer é eterno. E o que temos é maior do que precisamos.

Caros amigos, continuarei aqui. Não escreverei apenas. Farei. Como se o mundo fosse uma piada. Como se o sofrimento dos que não recebem nosso abraço de ano novo fosse alegoria. Assino aqui o compromisso. O Comprimosso do Custe o Que Custar.

Se você assina, por favor, comente algo, e assine com seu e-mail.

Errei publicamente. Mas sem a vergonha, não teria reconhecido.

Assumo aqui:

- Apoiei o Hamas e o Hesbolah. Achava que os Judeus simplesmente estavam errados.
- Galeano era o que queria. Mas há sempre a retórica do questionamento.
- O Comunismo tinha uma razão. Mesmo que inteligível.
- Metal para sobreviver. Mesmo que ruim.
- Incapaz, apesar de discordante.
- Mainardi pelo texto. Apenas pelo texto.
- Meu amor paterno não foi incondicional. Quem tem Anita precisa do q?

Feliz ano novo. Feliz Natal. Feliz. Por algo há de ser.

Assumo aqui:

- Farei o meu melhor.
- Mudarei alguns pequenos mundos.
- Serei mais tolerável (só pela certeza de que não estava certo)
- Amarei mais. Familia.
- Conciliarei.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Macondo.

Algumas vezes você ouve. Algumas vezes engole. Algumas vezes você receita. Algumas vezes absorve.

Pára. O preço do engano é sempre cobrado só por você.

Faça o que for preciso. Não há muro que resista. Não há discurso que sobre. Ao argumento, só o desejo da retórica. Não há fato que dure, o tempo sempre é determinado.

Iludo. Tanto quanto foi comigo. Palavras aceitam. Idéias não.

Feliz Natal. Sorria. Há um preço. Eu espero. Tapa nas costas. Há sempre o fim. Assim, como o ano há pro começo. E no fim, o berro. Expresso como se algumas vezes fosse o único pretexto.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Se preciso for.

Somos a soma das nossas necessidades físicas com a capacidade infinita de sobreviver aos pensamentos. O que o nosso corpo não aguenta, a nossa mente impõe. E assim nos tornamos humanos.

Há sempre o que temer. Há sempre o que dispor. Há sempre um ser. Nem que seja por trás, do discurso, das aparências.

Dizer é bem mais simples do que agir. Agir requer a mente numa vontade indispensável de querer. Cuidado.

Como se o nosso corpo fosse Gabriele Andersen. Como se a nossa força fosse Mandela. Somos apenas homens. Independente de ser o evoluído ou apenas o que comeu a maçã. Há sempre um deserto infinito e pessoal por atravessar. Há sempre o direito nosso de encobrir as mazelas que tocam o nosso coração. É mais fácil. E mais uma vez continuamos a nos enganar. Vivos. Mas felizes.

Distantes, cômodos e sozinhos, vimos alguém vencer. Como se a vitória fosse nossa, comemoramos. Como se a frustração estivesse derrotada. Como se a pesada necessidade de viver, fosse aliviada. Mas alguém sempre requer o sincero abraço dos derrotados. Nem que seja para sobreviver ao seu próprio julgamento. Só me resta estender meus braços.

Voltar pra mim? Ou voltar pro começo? É mais fácil se entregar. É mais fácil partir do princípio em que não estávamos prontos. Nem preparados. Nem postos. Nem seguros. Mas mesmo assim, continuamos.

Neste texto sinto-me Deus. Perdão aos crentes. Mas ao escrever sinto uma total liberdade de compartilhar. Nem que sejam os infortúnios. Nem que seja pra mim mesmo. Sou aqui, o que quero ser. O corpo que resiste. A mente que impõe. O humano que se forma.

Não sei se o frenesi é causado pelo voyeurismo do desastre, ou pela exibição do ferido. Mas ambos me satisfazem. É como a eterna tentativa de compor uma música que alguém já fez. E assim continuo. Sem parar. Sem retornos. Sem deserções. Sem riscos. Sem miséria.

Não tente ajudar. Normalmente não nos importamos. Normalmente disponibilizamos o nosso futuro perante as coisas que não temos controle. Não vai valer a pena. Apesar desta ser a minha chance. É bem mais fácil assim. Afinal, não temos o controle mesmo.

A verdade é aquela que acreditamos. Não aquela que aprendemos. Mesmo que nos acuse. Mesmo que nos desminta. Mesmo que nos faça menores. Quando nos deitamos no escuro da solidão em nossas camas, sentimos a real existência dela no peso das respostas. Daí começa a frustração da manhã sem significados. Dia após dia.

Não vou perder o tempo em entender. Não vou perder o tempo em compreender. Vou viver. Como se fosse a última vez. Mas não vou viver uma vida frustrantemente feliz. Vou ser aquilo que preciso for.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Pode ser

Sempre há a possibilidade de vencer. Mesmo que a possibilidade seja uma mentira. Vencer é algo que nós nos disponibilizamos. O prêmio é commodity. Tem preço e tudo mais.

Não vim ao mundo para vitórias. Só há vitórias com a derrota de terceiros. Não quero derrotar ninguém. Há muito trabalho em nossas vidas para travarmos guerras pessoais para sobrevivermos à nossa existência ridícula. Faço o que o palpitar do meu coração determinar. Então, até ele terminar o seu serviço, continuarei.

Não há saída. Não haverá mudança. Não desaqueceremos a terra. Não salvaremos as crianças desnutridas. Não educaremos os analfabetos. Mas não vou ficar aqui esperando. Só quem pode andar é quem sabe como estamos longe. Quem está na platéia, apenas calcula a distância. Vamo aê, vai? Convite sincero e inútil.

Precisar, precisamos. Mas a quem vamos recorrer? A ninguém. Ou você acredita em quem bate palma? Acredite nos que sobrevivem dia após dia levando este continente nas costas. Deixe de lado esperanças prontas. Construa sua própria verdade. Já é um começo.

Dedico esta postagem ao meu tio Carlão. Morto na última terça-feira às 15horas num acidente de Caminhão na Bandeirantes. Não teve tempo de parar. Reduziu sua cabine à algo não compreensível. Homem honesto, humilde. Pai de 4 filhos. Não tive tempo de vê-lo em 20 anos que moro no Brasil. Beijos tio.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Quase sempre

Por mais que tentemos. Por mais que sobrevivamos. Por mais que o destino amenize a grande dificuldade da nossa vida é, apenas, vive-la. Incólume. O vazio da solidão é um consolo quando realmente não temos alguém para preenchê-la. Apenas basta fingir que não somos só nós e o espaço.

Algo nos encontra nos momentos em que sabemos que o ânimo de viver falta. Amigos baratos, recados diretos e tapas nas costas.

Vivo para sempre. Mesmo que seja só para mim.

Há sempre uma esperança na esquina. Na benevolência da travessia de um cego. Pode ser pouco para nós. Mas não conseguimos enxergar na escuridão de quem caminha. Sabemos o que é um passo à luz de céu de brigadeiro. Mas não sabemos como fazer escolhas na turbulência de um dia difícil. Sempre. Sempre.

Como Marvin Gaye. Que teve a sua vida retirada pelo que a concedeu. Entregamos o nosso destino aos mesmos que acreditamos terem nos dado a dádiva da escolha. Para alguns a internet. Para outros a TV.

Espero que cada um de vocês acredite no palpitar do seu coração. Não no barulho do ultra-som. Não precisamos de filtros. Não precisamos de mediadores. Não precisamos que nos digam o que ainda não sabemos. Um dia aprenderemos. Quero saber a dificuldade de ser quem sou. Quero sentir a vida como ela é. Sem a ajuda de ninguém.

domingo, 5 de outubro de 2008

O total das coisas

Há endereços certos para sentimentos. Há distâncias corretas para opiniões. Há critérios esquecidos para credos. A soma de tudo que dissemos e fazemos é o que resulta no que somos. Não acredite na benevolência do espelho, nem no sorriso dos que te querem. Somos sim um erro. A discrepância natural do que existe entre nós e o mundo.

Não há nada além daquilo que é percebido pelos outros. Uma mostra clara da delicadeza de sermos o que somos, é a barateza do nosso caráter. Mas desde que os alheios ao nosso narcisismo não se machuquem estaremos no caminho certo.

A vida é uma. Curta, gasta, poluída e algumas vezes triste. E por ser intransferível, impessoal e imprevisível não perderei tempo. Há sim algumas idéias que debater. Alguns amores que sofrer. Algumas notas que desafinar. Alguns recados para esquecer.

Dos tropeços sobram a dor do impacto, e a certeza de que provavelmente encontraremos a mesma pedra umas quatro vezes mais em nossas vidas. Há uma procura natural em ter que encontrá-la até tombarmos. O segredo é saber cair para ter como se levantar.

É como conviver com a barbárie de torturadores vivos e soltos. É como ver a descrença de um continente com diamantes e sem comida. Associamos ambigüidades para reproduzir a ciência da tolerância. Ciência esta que nos fortaleceu a capacidade de não decapitar um contrário, ou de sobrevivermos às nossas próprias mentiras. Afinal, precisamos não ser selvagens. Como os justos que corrompem.

Não acredito mais na forma das instituições. Há necessidades não de reformas. Não de revoluções. Mas sim de renascimentos. Precisamos recriar a própria essência da nossa existência. Por favor, assistamos ao mundo. Não é concebível viver numa miséria estrutural, moral e prática, sem fazermos algo.

Para que viver assim? Apontemos nossos olhares e fiscalizamos nossos umbigos. Construímos nossa vida como uma Brasília. Para ser solitária, burocrática e cheia de itinerantes que nos cobram caro.

Não aceito mais isso. Quero meu facão. Abrirei minha clareira. Mesmo que as árvores sejam pessoas.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Tudo pode ser

Há sempre tempo para tentar evitar. Quase sempre insuficiente. Quase sempre no momento errado. Quase sempre injustificável. Mas continuamos os nossos caminhos, como se responsabilidade fosse do tempo, e não nossa. Como se não fizéssemos parte um do outro. Há uma dúvida nas verdades. Há sempre a possibilidade de não ser o que somos. E muito menos de sermos o que evitamos. Alguns sabemos, poucos dizemos. Ninguém assume.

Há uma vida pequena, finita, e que existe apenas quando estamos acordados. Há anos. Há séculos. Há frações. Há decimais. Há abraços. Há obrigados. Há amigos. Não percamos de vista o que realmente é tangível.

A versão dos fatos não é de quem participou do evento. É de quem a conta. E para quem fica, sempre a palavra final. Espero que estes epitáfios digitais sejam fatos consumados. Venho de um lugar onde não há perdão. Mas sobram os obrigados. A vida é feita das pessoas que te rodeiam. Não há escapatória. Por isso, não se preocupe na vida que você leva, mas no que ela afeta aos próximos. As vezes ninguém nos merece.

E continuamos incólumes. Dolorosos. Sinceros. Justificáveis. Inúteis. Além de a nós mesmos, a quem mais valeria a pena?

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Gerações do Temblor.

Começou. O Gabriel demonstrou que é possível. E com uma facilidade de encher os olhos e o coração. Minha preocupação sempre foi a capacidade de expressar o que eu penso. Mas a linguagem ultrapassou essa possibilidade de informar. O time é muito completo. Somos poucos, mas muito eficientes. Estou deslumbrado com a capacidade estética de reproduzir nossos arranjos no estúdio. Além de reproduzir, a qualidade da execução.

Será uma redenção do que não pude.

Fizemos 4 músicas em apenas algumas horas. Estou praticamente sem dormir, e assim será até o fim das baterias. O resto é fácil. Apenas a voz me preocupa. Espero chegar ao patamar dos meus colegas. Luto pra isso. Treino pra isso. Rezo pra isso.

Foi uma espécie de presente. Começou no dia do meu aniversário. Terminou 4 dias depois. Momentos especiais registrados para sempre. Pela primeira vez estou desfrutando de gravar. Grandes pessoas tentando ser honestas. Estamos no caminho.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

inDesign

Me pergunto, quando adquirimos a capacidade de magoar a quem queremos? Na verdade nossa delicadeza é a mesma com todos. Mas só os que se importam, a sentem. A qualidade da relação entre nós é produto de varejo. O atacado fica no carinho.

Para o amor momento, há sinfonia completa. Palco, cordas, maestro. Falta o tema. O arranjo é fácil executável. Mas devemos entender que nem tudo são perguntas, nem tudo são respostas. Não são todos os corações que entendem a harmonia.

Há uma relação incompreensível entre a natureza das coisas e o que produzimos. Sentimentos não são naturais. Amor e afeto carregam uma quantidade considerável de símbolos precisamente moldados para que nossos pares nos queiram. Produzimos algo para que tenha uma função. É o design propriamente dito. Formas com funções e competências. Tamanho, textura, equilíbrio.

E assim nasceu o homem. Na sua essência, um ser com a capacidade de magoar a quem ama. Se não nos ensinassem amar, não saberíamos machucar.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Como Explicar o Rock...

Vamos criar uma fábula que possa explciar as vertentes do Rock...

"No alto do castelo, há uma linda princesa - muito carente - que foi ali trancada, e é guardada por um grande e terrível dragão"...

HEAVY METAL:
O protagonista chega no castelo numa Harley Davidson, mata o dragão, enche a cara de cerveja com a princesa e depois transa com ela. Posteriormente se separam quando ela descobre que ele transou com uma groupie.

METAL MELÓDICO:
O protagonista chega no castelo num cavalo alado branco, escapa do dragão, salva a princesa, fogem para longe e fazem amor.

THRASH METAL:
O protagonista chega no castelo, duela com o dragão, salva a princesa e transa com ela.

POWER METAL:
O protagonista chega brandindo sua espada e trava uma batalha gloriosa contra o dragão. O dragão sucumbe enquanto ele permanece em pé, banhado pelo sangue de seu inimigo, sinal de seu triunfo. Resgata a princesa. Esgota a paciência dela com auto-elogios e transa com ela.

FOLK METAL:
O protagonista chega acompanhado de vários amigos e duendes tocando acordeon, alaúde, viola e outros instrumentos estranhos. Fazem o dragão dormir depois de tanto dançar, e vão embora, sem a princesa, pois a floresta está cheia de ninfas, elfas e fadas.

VIKING METAL:
O protagonista chega em um navio, mata o dragão com um machado, assa e come. Estupra a princesa, pilha o castelo e toca fogo em tudo antes de ir embora.

DEATH METAL:
O protagonista chega, mata o dragão, transa com a princesa, mata a princesa e vai embora.

BLACK METAL:
Chega de madrugada, dentro da neblina. Mata o dragão e empala em frente ao castelo. Sodomiza a princesa, a corta com uma faca e bebe o seu sangue em um ritual até matá-la. Depois descobre que ela não era mais virgem e a empala junto com o dragão.

GORE:
Chega, mata o dragão. Sobe no castelo, transa com a princesa e a mata. Depois transa com ela de novo. Queima o corpo da princesa e transa com ele de novo.

SPLATTER:
Chega, mata o dragão, abre-o com um bisturi. Sodomiza a princesa com as tripas do dragão. Abre buracos nela com o bisturi e estupra cada um dos buracos. Tira os globos oculares da princesa e estupra as órbitas. Depois mata a princesa, faz uma autópsia, tira fotos, e lança um album cuja capa é uma das fotos.

DOOM METAL:
Chega no castelo, olha o tamanho do dragão, fica deprimido e se mata. O dragão come o cadáver do protagonista e depois come a princesa.

WHITE METAL:
Chega no castelo, exorciza o dragão, converte a princesa e usa o castelo para sediar mais uma "Igreja Universal do Reino de Deus".

NEW METAL:
Chega no castelo se achando o bonzão e dizendo o quanto é bom de briga. Quer provar para todos que também é foda e é capaz de salvar a princesa. Acha que é capaz de vencer o dragão; perde feio e leva o maior cacete. O protagonista New Metal toma um prozak e vai gravar um disco "The Best Of".

GRUNGE:
Chega drogado, escapa do dragão e encontra a princesa. Conta para ela sobre a sua infância triste. A princesa dá um soco na cara dele e vai procurar o protagonista Heavy Metal. O protagonista grunge sofre uma overdose de heroína.

ROCK N'ROLL CLÁSSICO:
Chega de moto fumando um baseado e oferece para o dragão, que logo fica seu amigo. Depois acampa com a princesa numa parte mais afastada do jardim e depois de muito sexo, drogas e rock n roll, tem uma overdose de LSD e morre sufocado no próprio vômito.

PUNK ROCK:
Cospe no dragão, joga uma pedra nele e depois foge. Pixa o muro do castelo com um "A" de anarquia. Faz um moicano na princesa e depois abre uma barraquinha de fanzines no saguão do castelo.

EMOCORE:
Chega ao castelo e conta ao dragão o quanto gosta da princesa. O dragão fica com pena e o deixa passar. Após entrar no castelo ele descobre que a princesa fugiu com o protagonista Heavy Metal. Escreve uma música de letra emotiva contando como foi abandonado pela sua amada e como o mundo é injusto.

PROGRESSIVO:
Chega, toca um solo virtuoso de guitarra de 26 minutos. O dragão se mata de tanto tédio. Chega até a princesa e toca outro solo que explora todas as técnicas de atonalismo em compassos ternários compostos aprendidas no último ano de conservatório. A princesa foge e vai procurar o protagonista Heavy Metal.

HARD ROCK:
Chega em um conversível vermelho, com duas loiras peitudas e tomando Jack Daniel's. Mata o dragão jogando uma TV pela janela do castelo e faz uma orgia com a princesa e as loiras.

HARDCORE
Chega de skate, organiza um protesto em frente ao castelo contra a ditadura dos dragões. Sobe na torre, transa com a princesa e grava um álbum com 25 faixas de 2 minutos cada descendo o pau no governo.

GLAM ROCK:
Chega no castelo. O dragão rí tanto quando o vê que o deixa passar. Ele entra no castelo, rouba o hair dresser e o batom da princesa. Depois a convence a pintar o castelo de rosa e a fazer luzes nos cabelos.

GOTHIC METAL
Chega no castelo e monta uma banda com a princesa e o dragão fazendo vocais líricos e guturais respectivamente.

INDIE ROCK:
Entra pelos fundos do castelo. O dragão fica com pena de bater em um nerd franzino de óculos e deixa ele passar. A princesa não aguenta ouvir ele falando de moda e cinema, e foge com o protagonista Heavy Metal.

NEW WAVE
Ao chegar no castelo mata o dragão e doa toda a sua carne às familias pobres da África.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

E como se alguém chacoalhasse a minha cama, acordei. Era um terremoto. Que saco. Quando pego no sono, às 0 horas em ponto desta madrugada, o mundo rebolou. Há uns três anos não sentia um. Saio rapidamente do quarto. Esperava que as crianças estivessem acordadas. Nada. Ouço a voz de quem sabe do assunto “vai dormir. Já passou”. Passou nada. Como ele ia em direção ao quarto ver se estava tudo bem, não sentiu que o chão não parava de tremer. A voz de quem manda disse “não parou não.” E a casa continuou rugindo. Agüentei mais um pouco, e desisti de esperar um desastre. Tentei dormir.

E assim foi. Mais um peteleco que lembra a nossa inutilidade, roubou meu sono. Espero que isso seja um sinal. Vejo mudanças acontecerem. Vejo que algo maior está por vir. Há um temblor nas ruas aqui. Espero que signifique algo esse chacoalhão. Assumiremos mais uma vez o papel de juízes e carrascos do nosso destino. Nunca estivemos com o poder em nossas mãos. Nunca.

Somos as placas tectônicas neste momento. Derrubamos o que quisermos. Inclusive o nosso futuro, se errarmos nas escolhas.

Mas digo, custe o que custar tem que haver mudanças. Ou o fazemos planejado, como é. Ou perderemos a chance histórica de agora.

E se errarmos, aí sim não terei mais chance de voltar a dormir e desistir do desastre. A destruição será tão forte, que não terei chance se quer de acordar.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Ciudad Alfaro

Ciudad Alfaro, 8 de Julho de 2008

Aos olhos de um Alfaro dourado sinto uma enorme alegria. Neste momento de corpo presente vejo a nova redação da Carta Magna do Equador. Para os desinformados, é a nova constituição que neste momento é reescrita.

Um trabalho gigantesco de alterar as questões mais enraizadas que determinaram o antigo futuro de uma pequena nação de 12 milhões de pessoas, com vulcões, galapagos e amazônia. Aqui neste paizinho aconteceram grandes fatos da história que influenciaram o que hoje conhecemos como América Latina hispana. Que faz fronteira com o Brasil, mas é distante todo um oceano.

Esta constituição inclui uma redefinição da composição cultural do país. Quíchuas, Shuares, Negros, Montúbios, Brancos serão considerados nações, e como tal serão tratadas de maneiras especiais já que possuem idiomas, identidades e desempenham papéis únicos na economia do país. Esta nova constituição não discrimina o aborto, legaliza a relação estável entre pessoas do mesmo sexo. Existem particularidades do país que nem adiantaria querer explicar, mas que a sua discussão e forma processual de inserção já colocam uma pedra fundamental no caminho da América Latina rumo a algum lugar que ainda não sei qual é. Mas que com certeza será melhor do que ontem. Não é esquerda e direita. É a preservação de uma cultura e do meio ambiente que se discute.

Hoje pela manhã acordei com os telejornais informando o povo de que a segunda maior rede de televisão do país fora retirada das mãos dos seus donos, para ser vendida. Isso acontece pq os donos fugiram do país com mais de 661 milhões de dólares em 2000. Eles quebraram o maior banco do Equador, deixando milhares de pessoas sem o dinheiro depositado em suas contas. Num processo franco, direto e delicado, o governo retirou de todos os donos dos bancos os seus bens para serem leiloados. Os recursos adquiridos nesses leilões serão devolvidos aos cofres públicos. Assim, diminuindo um pouco o prejuízo que o Estado teve ao assumir a dívida dessas famílias de ladrões.

Provavelmente as notícias ao redor do mundo, dizem que essa atitude represente a falta de liberdade de imprensa aqui no Equador. Mentira. Não se deixem enganar. Não é o fechamento de um canal de televisão por decisão do Presidente. É a destituição dos donos por terem roubado milhões de dólares do povo equatoriano.

Devo admitir que o Presidente Rafael Correa encarou com de peito aberto e sem rabo preso, o grande desafio incumbido pelo povo do seu país. Ele realmente retirou o poder econômico e político das elites. Simples assim. Sem tiros, golpes, e com uma incrível capacidade de fazer o povo voltar a querer participar da política do país.

A simbologia e denominação populista que o acompanha é uma vesga, vaga e preguiçosa análise de que ele é um Hugo Chaves. Com a comum falta de capacidade e a tendenciosa visão dos jornalistas brasileiros, avalizada pelos estudiosos das ciências humanas, a população do Brasil coitada acredita.

Rafael Correa cometeu sim atropelos durante a Assembléia ao ponto de conseguir a entrega da presidência por parte do ambientalista e esquerdista Alberto Acosta. Muito parecido com o que aconteceu a Marina Silva. Claro, Correa não pode mais esperar a finalização da Constituição. As forças de oposição conseguem aprender com o tempo a forma de minar o poder conquistado pelo Presidente. Que se candidatou sozinho, sem deputados, sem dinheiro, sem apoio de ninguém, sem partido.

É o renascimento de uma nação. Na verdade, não é um renascimento. É o nascimento. Sonhado por Eloy Alfaro. Líder, pensador, militar, e principalmente um homem simples do povo. Esquartejado vivo, teve seus restos queimados pelos traidores numa praça em Quito em 1918. Esse herói que tem seu nome escrito em ruas de cidades de todo o mundo, inclusive no bairro da Saúde em São Paulo, dá também o seu nome à cidade montada para reconstrução de uma identidade. De um povo. Ciudad Alfaro, onde está localizada a Assembléia Constituinte do Ecuador.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Incompleto

Ainda bem que existem os quartos. Assim temos onde nos esconder das frustrações sem ter que encarar as pessoas. Não tenho mais expectativas. Trabalho com ferramentas tangíveis, como a coragem e a idiotice. Não deposito mais futuro naquilo que não depende mais de mim. Como escrever por exemplo.

É interessante. As coisas grandes dentro de nós são sempre bem menores quando colocadas para fora. Essa distorção é simples, pequena e destruidora como a ponta da bala de um fuzil. Há de que se precaver. Sempre. Mas não há colete que segure um tiro desse calibre. O coração estará sempre em perigo.

Mas assim aprendemos a atuar. Isso nos defende. Nossas pequineses são cobertas com essa linguagem do auto-reflexo. Sei da sensível espessura da minha alma, por isso a textura prática do meu sorriso. Me protege, e da a possibilidade dos outros a utilizarem como bem entenderem.

Ainda bem que temos alguns que salvam os outros. Por fora somos nuvens. Imensas apenas para quem nos vê. Mas vazias por dentro.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Camino a casa

Por ser canal, mensagem e codificador, me dou o direito de escrever sobre o que acontecerá. Sexta. Rumo ao meu canto no mundo. Tenho deveres ambiciosos de descansar o corpo, e botar a cabeça pra funcionar.
Tenho que encontrar sentido aos verbos todos para os textos da minha alma. Além do mais, preciso preparar aulas.
Quero fazer do meu particular espaço público o local de encontro daquelas 3 ou 4 pessoas que lêem o que escrevo. Publicarei as letras durante o processo de criação. Veremos o que acontecerá. Não peço interatividade. Mas espero comentários.
Descobri que não adianta depender do tempo que demora, ou dos fatos que acontecem. Não há maneira de dedicar uma vida inteira ao que queremos. Se queremos pode acontecer. Não perco mais tempo em determinar o impossível. Apenas me dedico na criação de ações. Elas que aconteçam quando decidirem. Mas precisa ser em apenas um mês.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Mensageiro da Verdade. Obrigado.

Existem alguns seres que a sua grandeza é tão maior do que o seu desconhecimento. Impressiona ver aqueles que nunca tiveram a oportunidade de se servir de algum tipo de fortuna, se doarem pelos outros.

Isso faz meu ódio só aumentar. Contra mim e meus pares. Cada letra digitada aqui é um pouco de ausência do fazer. Um ser inerte e digitador. O rigor deste destino é denso.

Não consigo letrar. Não consigo registrar minhas idéias aqui. O tema é tão complexo, e sou tão incapaz perante o assunto, que escrevo e reescrevo mil vezes cada sílaba. Mas isso é normal. É uma espécie de autoflagelo, ou algum tipo de boicote natural. Sou um dos que está sentado num barril de pólvora, e ao invés de apagar o fogo, aplaudo os bombeiros evitando que voemos pelos ares.

Alguém um dia ser dará conta de que o fim já terminou. Não haverá Renascimento.

Dentro dos apartamentos, detrás das telas, ao pé dos computadores informalizamos a linguagem da falência. Cada signo dela já nos é comum. Alguns a freqüentam por pena, por medo ou para arrasá-la. Já fiz minha escolha.

Deveríamos realizar intercâmbios culturais verdadeiros. Se queremos alterar o destino das coisas óbvias, nossas crianças alimentadas deveriam passar as férias de julho ao sol. Brincando com brinquedos imaginários. Comendo comida de mentirinha. Tomando banho só quando puderem. Ou só quando chovesse no Lixão. A dureza comercializada nessas pequenas almas só será amolecida por barrigudinhos cheios de vermes da mesma idade lhes oferecendo um copo d´água. Sentir na pele. Esse é o segredo.


Os que escapam de lá, do cárcere, do destino e da fé realizam verdadeiras Cruzadas. Mas sem absolvição no final. Apenas por instinto animal mesmo. Surge ai a arte da sobrevivência, o benefício da solidariedade, e insensatez do conteúdo da sua poesia.

terça-feira, 17 de junho de 2008

No fim do corredor.

Quando a vida se transforma numa tempestade em alto mar, os predestinados não sabem a que vieram, mas encontram a bóia de quem não sobreviveu. Os sem sorte não encontram o motivo de estarem lá. E os que se viram, não têm a mínima idéia do momento em que o destino lhes retirará as habilidades de enganar a onda predicada.

Os tolos aguardam a calmaria, e eu simplesmente tenho a certeza de que deveria estar na roça.

Mas desde cedo aprendi que algumas instituições estenderiam a mão. A universidade, a igreja, o departamento comercial, a poupança, o marketing pessoal, ou Paulo Coelho.

Nada disso me serviu.

Sigo meu rumo observando a capacidade dos simples em absorver no peito a colisão do presente imparável. A seriedade de um sorriso desdentado, a fúria que acompanha a solidão mundana do ônibus lotado e a tristeza do fim de mês.

Claro que digo tudo isso, aqui, intocável bebendo minhas cervejas importadas para ajudar no discurso. E só. Continuo na tormenta. Continuo a acreditar.

Nem sempre a saída é sobreviver. De ilusões, ou com a vida mesmo.

Só quem não sabe do desamparo é quem acredita no discurso. Discurso é discurso. E só.

Podemos agradecer também. Essa é outra ferramenta. Ela amortiza, diminui e lubrifica. Agradecer o respiro, a água, o lugar comum. Agradecer é o iludir concretizado. Por isso os mal aventurados são os mais agradecidos. Deveriam aprender a roubar sem deixar rastros. Deveriam pilotar mais aviões. Deveriam gerenciar uma guerra. Deveriam ser sádicos com os reféns. Depois, era só agradecer mesmo.

Mas por favor, não se sintam culpados pelas coisas fora do nosso alcance. Eu não me sinto mais. Assim como não peço mais desculpas.

Assim que é.

Não queremos mudar o mundo. Muito menos defender uma idéia. Não somos salvadores de almas, nem levantadores de bandeiras. Por tanto crer em poder, e no poder de fazer, é que decidimos apenas em dizer.

A mídia nos suporta. A recíproca não é verdadeira. Por isso a utilizamos aqui, com o objeto máximo da sua função. Não teremos discussões de certo ou errado. Em todo ponto de vista, há um objeto sendo visto, e um lugar de onde o avistamos. Nem sempre a luz de onde enxergo, ilumina o foco alheio. Por isso não defendemos nada. Por isso não queremos convencer.

A retórica defenditiva das coisas não me dá argumentos suficientes para me localizar e realizar o tiro. Espero seguir em frente.

Somos o que podemos ser. O que queremos, é sugerido. A nossa fé, amostrada, quantizada, codificada, alivia a raiva de não conseguir chegar lá. Podemos alterar o brilho, posso recortar, posso deletar. Assim concluirei o que iniciarei.

Neste palco, uma trajetória particular. A plasticidade textual será eterna, se os servidores assim o permitirem. A linguagem será crítica se o espectador for útil.

Sinto a possibilidade do todo. Para todos os lados, com todas as formas, com todos os focos. Não temos um começo certo. Não temos um fim ajustável. Seremos sinceros até onde a nossa moral aporte.

Bem vindos.