quarta-feira, 25 de junho de 2008

Camino a casa

Por ser canal, mensagem e codificador, me dou o direito de escrever sobre o que acontecerá. Sexta. Rumo ao meu canto no mundo. Tenho deveres ambiciosos de descansar o corpo, e botar a cabeça pra funcionar.
Tenho que encontrar sentido aos verbos todos para os textos da minha alma. Além do mais, preciso preparar aulas.
Quero fazer do meu particular espaço público o local de encontro daquelas 3 ou 4 pessoas que lêem o que escrevo. Publicarei as letras durante o processo de criação. Veremos o que acontecerá. Não peço interatividade. Mas espero comentários.
Descobri que não adianta depender do tempo que demora, ou dos fatos que acontecem. Não há maneira de dedicar uma vida inteira ao que queremos. Se queremos pode acontecer. Não perco mais tempo em determinar o impossível. Apenas me dedico na criação de ações. Elas que aconteçam quando decidirem. Mas precisa ser em apenas um mês.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Mensageiro da Verdade. Obrigado.

Existem alguns seres que a sua grandeza é tão maior do que o seu desconhecimento. Impressiona ver aqueles que nunca tiveram a oportunidade de se servir de algum tipo de fortuna, se doarem pelos outros.

Isso faz meu ódio só aumentar. Contra mim e meus pares. Cada letra digitada aqui é um pouco de ausência do fazer. Um ser inerte e digitador. O rigor deste destino é denso.

Não consigo letrar. Não consigo registrar minhas idéias aqui. O tema é tão complexo, e sou tão incapaz perante o assunto, que escrevo e reescrevo mil vezes cada sílaba. Mas isso é normal. É uma espécie de autoflagelo, ou algum tipo de boicote natural. Sou um dos que está sentado num barril de pólvora, e ao invés de apagar o fogo, aplaudo os bombeiros evitando que voemos pelos ares.

Alguém um dia ser dará conta de que o fim já terminou. Não haverá Renascimento.

Dentro dos apartamentos, detrás das telas, ao pé dos computadores informalizamos a linguagem da falência. Cada signo dela já nos é comum. Alguns a freqüentam por pena, por medo ou para arrasá-la. Já fiz minha escolha.

Deveríamos realizar intercâmbios culturais verdadeiros. Se queremos alterar o destino das coisas óbvias, nossas crianças alimentadas deveriam passar as férias de julho ao sol. Brincando com brinquedos imaginários. Comendo comida de mentirinha. Tomando banho só quando puderem. Ou só quando chovesse no Lixão. A dureza comercializada nessas pequenas almas só será amolecida por barrigudinhos cheios de vermes da mesma idade lhes oferecendo um copo d´água. Sentir na pele. Esse é o segredo.


Os que escapam de lá, do cárcere, do destino e da fé realizam verdadeiras Cruzadas. Mas sem absolvição no final. Apenas por instinto animal mesmo. Surge ai a arte da sobrevivência, o benefício da solidariedade, e insensatez do conteúdo da sua poesia.

terça-feira, 17 de junho de 2008

No fim do corredor.

Quando a vida se transforma numa tempestade em alto mar, os predestinados não sabem a que vieram, mas encontram a bóia de quem não sobreviveu. Os sem sorte não encontram o motivo de estarem lá. E os que se viram, não têm a mínima idéia do momento em que o destino lhes retirará as habilidades de enganar a onda predicada.

Os tolos aguardam a calmaria, e eu simplesmente tenho a certeza de que deveria estar na roça.

Mas desde cedo aprendi que algumas instituições estenderiam a mão. A universidade, a igreja, o departamento comercial, a poupança, o marketing pessoal, ou Paulo Coelho.

Nada disso me serviu.

Sigo meu rumo observando a capacidade dos simples em absorver no peito a colisão do presente imparável. A seriedade de um sorriso desdentado, a fúria que acompanha a solidão mundana do ônibus lotado e a tristeza do fim de mês.

Claro que digo tudo isso, aqui, intocável bebendo minhas cervejas importadas para ajudar no discurso. E só. Continuo na tormenta. Continuo a acreditar.

Nem sempre a saída é sobreviver. De ilusões, ou com a vida mesmo.

Só quem não sabe do desamparo é quem acredita no discurso. Discurso é discurso. E só.

Podemos agradecer também. Essa é outra ferramenta. Ela amortiza, diminui e lubrifica. Agradecer o respiro, a água, o lugar comum. Agradecer é o iludir concretizado. Por isso os mal aventurados são os mais agradecidos. Deveriam aprender a roubar sem deixar rastros. Deveriam pilotar mais aviões. Deveriam gerenciar uma guerra. Deveriam ser sádicos com os reféns. Depois, era só agradecer mesmo.

Mas por favor, não se sintam culpados pelas coisas fora do nosso alcance. Eu não me sinto mais. Assim como não peço mais desculpas.

Assim que é.

Não queremos mudar o mundo. Muito menos defender uma idéia. Não somos salvadores de almas, nem levantadores de bandeiras. Por tanto crer em poder, e no poder de fazer, é que decidimos apenas em dizer.

A mídia nos suporta. A recíproca não é verdadeira. Por isso a utilizamos aqui, com o objeto máximo da sua função. Não teremos discussões de certo ou errado. Em todo ponto de vista, há um objeto sendo visto, e um lugar de onde o avistamos. Nem sempre a luz de onde enxergo, ilumina o foco alheio. Por isso não defendemos nada. Por isso não queremos convencer.

A retórica defenditiva das coisas não me dá argumentos suficientes para me localizar e realizar o tiro. Espero seguir em frente.

Somos o que podemos ser. O que queremos, é sugerido. A nossa fé, amostrada, quantizada, codificada, alivia a raiva de não conseguir chegar lá. Podemos alterar o brilho, posso recortar, posso deletar. Assim concluirei o que iniciarei.

Neste palco, uma trajetória particular. A plasticidade textual será eterna, se os servidores assim o permitirem. A linguagem será crítica se o espectador for útil.

Sinto a possibilidade do todo. Para todos os lados, com todas as formas, com todos os focos. Não temos um começo certo. Não temos um fim ajustável. Seremos sinceros até onde a nossa moral aporte.

Bem vindos.