Há uma armadilha em nossas vidas. Armada, preparada, disposta. Ela se chama sentimentos. Como não a compreendemos, a acionamos. Nela ficam as nossas esperanças, sonhos, verdades, mentiras.
Sincero mesmo é o vento. Sem sentimentos, mas que toca tudo sobre a terra. Ele não tem filtros, nem critérios para fazer parte da vida de todos. Ele está disposto sobre as coisas, como se fosse a única e real coisa que valesse a pena. Não depende de nós, e nem pode ser atrapado, nem moldado.
Somos matéria bruta, carne e osso. O mais sincero estágio do que fazemos com nós mesmos não é tangível. Mas está. Nas atitudes, na postura, no estúpido corpo que cultivamos. Sofremos muito e parece que ninguém se importa. É que precisamos ser admirados e respeitados pelo que sentimos. Mas os outros esperam coisas que possam ser vistas, palpadas e estocadas. Não sentimentos. E para nós o que importa é se os outros sabem disso. Quando nos fechamos em nós mesmos é que tudo perde sentido. Se sofrermos dividindo o sentimento, faz mais sentido.
Essa é a armadilha. A do reconhecimento. A do poder. A do senso de que tudo é mais do que realmente deveria ser. Somos criativos nos argumentos impunes de que a vida é mais do que realmente é. Somos incrédulos no processo de nos adotarmos como importantes para nós mesmos.
Há que se liberar do que achamos. Sejamos apenas. Como o vento. Disformes. Sem sentido previsto.