quinta-feira, 25 de abril de 2013

Liberdade assistida da imprensa.

Este texto intenta contrastar a mentira do título “Imprensa livre sob a ameaça na América Latina”, publicada no O Globo no dia 13/04/13.

A liberdade de imprensa começou a ser vigiada. O que nos é de direito. Não existe imprensa livre. Não há a mínima possiblidade de existir liberdade de empregados decidirem o direcionamento da empresa. Há dono, há chefe, há lucro, há folha de pagamento.

Com base neste raso conceito, a tentativa aqui é desmembrar um pouco para poder recortar a compreensão.

Imprensa livre não existe em lugar algum do universo. Mesmo. Não há mecânica que possibilite isso. Ninguém melhor do que os mesmos jornalistas para confirmar. O simples fato de editar um texto, ou selecionar um ângulo é um recorte interpretado da realidade. É a verdade determinada por um manual de redação da empresa dona da notícia. É a cartilha de bons costumes estéticos financeiros.

O termo “imprensa” no texto do O Globo é referente às empresas privadas que devem lucrar, como lhes é de direito. Agora, as empresas que vendem notícias e entretenimento, não necessariamente informam, é ai que desaparece a “liberdade”. O dever de informar faz parte da essência da comunicação social, mas está restrito ao âmbito da discussão da sociologia da comunicação. Pura e imprescindível teoria.

Na prática, a notícia produzida nestas empresas representa ganhos financeiros de duas formas: 

Audiência, resultado de um bom trabalho de departamentos de marketing, que ajudam a definir o perfil dos segmentos de mercado que as publicações, telejornais, e editoriais devem atender.

Defesa do interesse do dono de jornal, que ao mesmo tempo é sócio em empreendimentos imobiliários, holdings, telecoms, o que impossibilita a liberdade de imprensa. É o manual de estilo das corporações, igualzinho ao manuais de redação. Recorta a realidade para atender o bom senso de quem paga as contas.

Repito, a liberdade da imprensa não representa os interesses da sociedade. A liberdade de imprensa representa os interesses dos donos dos meios de comunicação.

No subtítulo “Em Argentina, Equador e Venezuela, há pressão. No México, assassinatos.” Nos três primeiros países havia um amplo, público e notório enfrentamento, já vencido pelos governos de esquerda, contra os empresários donos de meios de comunicação. Mas no México os assassinatos são frutos de uma terrível guerra entre o estado-eleito e o estado-de-fato, que é o narcotráfico. Os jornalistas lá morrem por estarem no meio do fogo cruzado e são alvo do narcotráfico. Ao estilo Tim Lopes.

Este subtítulo claramente tenta misturar as coisas. Sem dúvida o segundo maior jornal do Brasil tem a informação correta, mas quis induzir o leitor a acreditar que o que acontece no México é o mesmo que acontece nos demais países.

O primeiro parágrafo fala da decisão soberana e legal do estado equatoriano em não investir mais sua publicidade em meios privados que são todos abertamente de oposição. Ora, bolas, onde está a liberdade de imprensa? Como ser oposição e ser livre? Só a física quântica explicaria essa dualidade. Eles querem dinheiro público para influenciar esse público a atender seus interesses? Não há lei que exija que o governo equatoriano tenha que investir um centavo em qualquer meio para informar a população.

Segundo o donos dos meios, o governo argentino “não tolera nenhuma crítica”, proibindo supermercados de anunciar em seus jornais. Ou seja, Dilma obriga ao Pão de Açucar a não anunciar mais no JB. Entendi o ângulo da total liberdade de imprensa.

E este é o melhor argumento de todos. O jornal El Comercio do Equador, indica que Rafael Correa criou um “clima” de tensão entre o governo e a imprensa. E que tem a proposta de criar um conselho regulamentador dos conteúdos e que autoridades foram proibidas de dar entrevistas. A fonte do O Globo mentiu. O clima de tensão é subjetivo e reafirma de que não há um alinhamento do governo, vitorioso em 9 eleições diretas em menos de 7 anos, com um meio de comunicação que não atende aos interesses da sociedade civil. As autoridades foram proibidas de darem entrevistas aos meios opositores, exatamente por não cumprirem o papel de libertários que tanto defendem. Os ministros agora apenas dão entrevistas aos meios locais, pequenos e comunitários. Há ilegalidade nisso? Nenhuma.

O artigo de O Globo expõe um excesso de liberdade de imprensa impossível para as empresas, ao assumir a total falta de medo destes presidentes em quebrar seu monopólio, obrigar aos seus donos a não terem sociedades em outros negócios, e principalmente em demonstrar de que as empresas de comunicação mentem.