quarta-feira, 1 de abril de 2009

Desprocesso.

Acabei de descobrir um processo diferente de existir. Não é apenas uma questão de descobrir o que não conheço. É um processo de desconstrução da forma com que compreendo minha própria vida. O susto foi tão grande que decidi compartilhar as minhas opiniões sem medo. Claro, sem medo já que ninguém lê o que escrevo mesmo. Assim ficará bem mais fácil. Corro o risco, mas sem perigo algum.

Somos mais do que acreditamos. Somos mais do que podemos sentir. Somos mais do que podemos enxergar sobre nós mesmos. A existência invisível de ser aquilo que imaginamos é o que normalmente conhecemos como real. O real tocável, sentível, saboroso é a interpretação do que conseguimos captar. O que enxergamos sobre nós é um composto de dados, que chamaremos aqui como códigos.

A cada novo passo, no sentido do descobrimento de qualquer coisa, é um passo no sentido de que devemos presenciar processos de relacionamento com pessoas, e com o mundo palatável. Mas essa construção e definição das coisas através da experiência simples da comprovação de que é real, ou melhor, através dos métodos que definem este real é de algum modo, no mínimo incompleto, incapaz e para alguns, errado.

As formas que utilizamos para questionar a própria existência de Deus são ineficazes. Sou ateu, e nunca perdi um momento da minha estúpida existência para descrever quão idiota era explicação daqueles que acreditam em algo superior. Esqueçamos aqui o rigor e o respeito às crenças. Não é uma discussão dogmática. Se você já não entendeu e discorda de algo, por favor perca seu tempo de outra forma.

A base da nossa experiência administrável, o que alguns definem como vida, é constituída de uma série de interpretações. Essas interpretações surgem ao longo do tempo em que existimos como forma de encontrarmos respostas. A definição clara do que devemos ser, neste momento meu caro, foi composta por alguém em você. Com essas informações inseridas em você, definimos o que é certo-errado, bom-ruim, melhor-pior. São poucos o que detêm a real capacidade de compreender que o mundo em que vivemos é a enorme composição de um ambiente interpretado por todos. E que no espaço físico em que nos relacionamos existem forças de coexistência, poder e certezas. As duvidas quase sempre são o motor que transforma nossa vida num eterno mudar de rumo.

Não há verdade cabível. Não há certeza concreta. Não há existência. Criamos as leis para que a tangência das nossas vontades sobre a matéria, humana ou do lastro, pudesse ser definida sem que nos matássemos. E a verdade aos poucos se tornou algo interpretável. Como ela não existe, ela não é real. Ela então passa pelo filtro social existenciável para que num determinado momento alguém saia ganhando. Simples assim. Não há no mundo um país que não utilize interesses pessoais para determinar um caminho, uma decisão das leis, ou a derrota dos que mais precisam de ajuda para sub-existir. A Noruega em seu mais alto grau de evolução social, política e administrativa, solidária com países e culturas que precisam de conhecimento continua matando baleias à beira da extinção por uma questão cultural.

A nossa anestesia existencial é crítica e explicável aos olhos daqueles que compreendem a sociedade feita de conhecimento palpável. Mas não. O conhecimento deve ser construído não apenas da energia mecânica das coisas. O conhecimento deve estar naquilo que sentimos. Sentir é um processo tão complexo que nem a ciência que desenvolve tudo, o decodificou.

Acredito que o sentir é um processo tão único de cada ser, que jamais será compreendido na sua totalidade. O sentir, é o real saber de tudo. Como sentimos, e como criamos uma relação emocional com as coisas é o que importa. Neste campo não decompomos o sistema em que vivemos.

A distorção do que é certo e errado chegou ao ponto de aceitarmos a subtração do próprio sistema material que nos sustenta. Nos afastamos do mau cheiro porque nos dá nojo e vomitamos. Mas somos incapazes de ajudar as pessoas que comem lixo para que não voltem a fazê-lo. Independente do motivo, não o fazemos.

O que você acabou de sentir ao ler é o que realmente importa. Não é questão de deter o poder da verdade do que é melhor, ou pior. É a simples força que a emoção do que conseguimos captar do nosso mundo. Não o mundo. Não a nossa existência material nele. O nojo do lixo é uma composição de códigos pré determinados. Como há gente que vive dele, e consegue dele a comida, se eu quero vomitar? A necessidade de comer, e a falta de possibilidade de se saciar no restaurante em que as nossas famílias deixam sobras podem ser a definição. Ou seja, a percepção do nosso redor. Através de diversas formas de contexto e de explicações. Assim começamos a nos livrar de preceitos. Esses preceitos nos determinaram o que é a vida, o que é a existência. Existir não pode ser determinado pelo nosso estado físico.

Continuo depois.

5 comentários:

Brozoski disse...

Às vezes sabias palavras pequenos momentos!!! E sim, muitas pessoas lêem o que vc escreve ^^ ..
Ótimo texto é meu professor!

Brozoski disse...

palavras são escritas em pequenos*** ... ponto negativo pra mim!

Di Soares disse...

"As duvidas quase sempre são o motor que transforma nossa vida num eterno mudar de rumo." Realmente professor as duvidas são o motor que transformão qualquer pessoa, que fazem elas mudarem de rumo. a parte do sentimos nojo do mau cheiro e não parar pra ajudar uma pessoa que come lixo, pra mim foi a melhor...oque eu senti? nem a ciencia explica realmente. E para com esse "papo" de que ninguém ler seus textos, isso chega a ser um Clichê rs"ngm me ama" rs...pq sim varias pessoas lêem seus texto, eu sou uma delas que leio e indico para outras pessoas...Parabens pelo texto otimo e realmente faz agt sentir alguma coisa. Abraço

Danielle Forte disse...

Eu escrevi um pouco sobre isso, mais ainda sobre o que chamamos de "felicidade", e tb citei os restaurantes. Usei o nome de "ponto de vista" para indenificar as razoes pelas quais as pessoas, cada um de nos, definimos a felicidade...[E EU SABIA BEM DO QUE ESTAVA ESCREENDO] e por ai foi... E qdo terminei , o texto ficou mais para: "como questionamos a nossa propria existencia"... Posso te dizer que, sempre estaremos errados, e sabe pq ? Pq todos os dias mudamos, criamos um novo conceito de existir, novas leis ou as tais chamadas, regras sociais e esquecemos um pouco de quem somos e oq somos, um para o outro soh por termos a "obrigacao" de existir, ou em nosso trabalho, ou em nossa familia, ou em nossos grupos sociais, como igreja, escola e amigos... As pessoas tem vergonha de existir, assumir por assim dizer qual a razao de sua propria existencia, essa eh a verdade e muitas vezes de ser elas mesmas, triste, muito triste qdo em uma democracia sempre existirao pessoas que irao se impor qdo vc tiver a palavra.
Entao, nao ha nada oq se provar, nem mesmo oq se lamentar ou por alguem ou por si mesmo, sendo que para uns existirem outros deverao permanecer "nas sombras", nao eh mesmo !?
... :-)

Unknown disse...

"As duvidas quase sempre são o motor que transforma nossa vida num eterno mudar de rumo".
"O conhecimento deve ser construído não apenas da energia mecânica das coisas. O conhecimento deve estar naquilo que sentimos. Sentir é um processo tão complexo que nem a ciência que desenvolve tudo, o decodificou.."
voce quase me matou hj duas vezes.
tocou demais na ferida.


(que as duvidas nunca nos tragam o conforto)

Saudade,e parabens pelas lagrimas que vc me tirou hoje.

quero o meu zimbabwe.